quarta-feira, 12 de março de 2014

Conta aí: Aviso aos navegantes e viajantes

Por Jéssica Costa*


Aviso aos navegantes (que ainda estão com sua nau atracada em mares lusos, mas em breve atravessarão o Atlântico novamente): o retorno não é fácil.


O vazio da falta eu sabia que estaria aqui. Mas, não fui avisada desse sentimento de não-pertencimento que toma conta da gente. Ninguém me contou que chegando em casa eu não conseguiria distinguir a chave do portão, ou que eu estranharia o fato de só haver uma maçaneta no chuveiro.

É uma sensação estranha essa de viver uma vida que parece não ser mais a sua. Confesso: é perturbador (pra não dizer desesperador) não reconhecer mais o seu lugar no espaço. É como se desde então eu tenha a capacidade de me adaptar a qualquer lugar, a vivenciar o que quer que venha pela frente, a tornar todo problema menor do que de fato ele seja. Hoje sou outra mesmo sendo a mesma. No presente momento, estou aguardando o tempo me mostrar que ter as raízes no ar é mais divertido do que superficial.

Como palavra de conforto, digo: ainda é possível encher a cara de requeijão. Existe o Street View para revisitarmos a rua onde moramos, aquela praça que ficou coberta de folhas no outono, o rio que favorecia caminhadas contemplativas e mergulhos dentro de si.


E mais: existe Oreo no Bahamas.


*Jéssica Costa é aluna do curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora e realizou intercâmbio acadêmico em Coimbra durante seis meses. Aqui, ela conta como é a vida universitária na cidade.

**Quer saber mais sobre as sensações de se voltar para casa após viver em um universo paralelo? Aqui eu narro como foi a minha volta ao Brasil depois de seis meses morando em Porto.


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